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Projeto Toyota IMV0: o "custo argentino" questiona a nova picape nacional

"Hoje seria mais barato importá-lo do que fabricá-lo em Zárate", informou o terminal a seus fornecedores. No entanto, há esperança.


Por Carlos Cristófalo | Motor1

IMV0 é o nome dado ao projeto de uma pick-up urbana e de trabalho que a Toyota analisa para produzir na fábrica argentina de Zárate há vários anos. O modelo já é vendido sob os nomes Hilux Champ e Hilux Stout em diferentes mercados da Ásia e América Latina.

Toyota Hilux Champ © Motor1.com Brasil

No entanto, sua chegada ao Mercosul ainda depende de uma variável: o "custo argentino". O projeto original consiste na Champ/Stout compartilhando a mesma linha de montagem que a Hilux/SW4, que atualmente é fabricada em Zárate. O produto podia compartilhar componentes do chassi e quase todo o trem de força com as versões mais básicas da Hilux: motor 2.4 turbodiesel (150 cv e 400 Nm), com câmbio manual de seis marchas e tração traseira.

No entanto, o estabelecimento local de um novo projeto exigiria o desenvolvimento de vários componentes locais, desde a estampagem da carroceria, acabamentos internos e vários acessórios periféricos, da ótica aos componentes eletrônicos. Foi aí que a Toyota Argentina encontrou o principal obstáculo do Projeto IMV0: o resultado final da equação de produzir o modelo em nosso país acabaria sendo muito mais caro do que o modelo importado da Tailândia.

Quanto mais caro? "Entre 15% e 25%, dependendo do nível de equipamento e de acordo com o preço do dólar do dia", disseram fontes de fornecedores que trabalham neste projeto há pelo menos dois anos. "A valorização do peso argentino é uma variável que ninguém imaginava quando começaram os trabalhos neste IMV0, mas hoje é um obstáculo inevitável na hora de determinar se é ou não conveniente fabricar um novo produto localmente", refletiu o mesmo fornecedor.

Sabe-se que a Toyota chegou a avaliar a possibilidade de produzir a Stout/Champ sob o Regime IKD, que estreou há um ano com a Hiace montada em Zárate. No entanto, a redação desse decreto impede a concessão desses benefícios fiscais e aduaneiros a novos produtos que já tenham concorrência local: o projeto é excluído caso já existam outros modelos semelhantes de produção nacional convencional. E é verdade que as picapes são algo que se fabrica muito na Argentina.

Isso significa que o projeto foi cancelado? "A Toyota nunca cancela um projeto", explicou outro fornecedor que teve acesso à licitação para as cotações do IMV0. "O que eles fazem é avaliar a equação de custos repetidamente, dada a possibilidade de que o cenário ideal para que isso aconteça se concretize: a ideia é estar sempre pronto para começar a produzir, mesmo que não haja certeza de quando isso acontecerá", acrescentou.

As mesmas fontes indicam que chegou a ser analisada a possibilidade de uma versão híbrida da Stout/Champ, algo que não existe em nenhum mercado no momento. No entanto, com essa configuração poderia acessar as vantagens fiscais concedidas pelo Regime de Incentivo a Grandes Investimentos (RIGI), ao qual a indústria automotiva argentina acessou pela janela da "inovação tecnológica".

Vantagens fiscais, benefícios aduaneiros ou melhoria da competitividade local. O Projeto IMV0 não foi cancelado, mas o plano de um veículo utilitário urbano, acessível e de "batalha" encontrou a mais feroz das trincheiras: o "custo argentino".

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